A história
do papel está intimamente ligada à reprografia. De todo papel produzido
no mundo,
90% é impresso. E foi como suporte reprográfico que o papel surgiu. Desde os
primórdios
da Humanidade, o Homem vem desenhando as lembranças visuais de sua vida.
Isto data
de 30 mil anos atrás. Esses desenhos nas paredes das cavernas eram chamados de
pictografias.
Depois, se tornaram mais complexos, e vieram as ideografias, os cuneiformes
persas e
até chegar nos hieróglifos egípcios por volta de 2.500 A.C.
Conforme se
pode concluir, o desenvolvimento da inteligência humana veio
acompanhado
pelas representações gráficas, tornando-se cada vez mais complexas,
chegando,
desse modo, a representar idéias. A História registra o uso de diversos tipos
de
suportes,
como tabletes de barro, tecidos de fibra vegetal, papiros, pergaminhos e,
finalmente,
o papel.
As
espécimes mais antigas de papiro datam de 3.500 A.C. e suas técnicas de
preparação
permanecem, até hoje, sem uma descrição fidedigna. Os papiros eram
preparados
à base de tiras extraídas de uma planta abundante no Nilo. Estas tiras eram
posicionadas
em ângulos retos, molhadas, marteladas e coladas. Apesar da palavra papel
ser
derivada de papyrus, são produtos completamente diferentes. Em 170 A.C., um
método
aperfeiçoado
para a obtenção de pergaminho permitiu seu uso para a escrita. Sua
denominação
é derivada do nome do reinado Pergamus.
Em 105
A.C., o imperador chinês Chien-ch'u, irritado em escrever sobre seda e
bambu,
ordena a seu eunuco Ts'ai Lun, que invente um novo material para a escrita.
Ts'ai
Lun produz
uma substância feita de fibras de casca da amoreira, restos de roupa e cânhamo
humedecendo
e batendo a mistura até formar um mingau. A seguir, usando uma peneira e
secando ao
sol a fina camada ali depositada, obteve uma folha de papel. O princípio básico
desse
processo é o mesmo usado até hoje na fabricação do papel.
A
manufatura do papel foi um segredo por mais de seis séculos. Contudo, já estava
espalhada
por toda a China. A partir da captura de alguns artesões chineses pelos mouros
em
Samarkanda no ano de 751, a fabricação de papel chega a Bagdá e Damasco. Com a
expansão
mulçumana, a manufatura do papel chega à Europa pela Península Ibérica. Data
de 1094 a
primeira fábrica de papel em Xativa, Espanha, e por volta de 1150 a fábrica de
Fabiano,
Itália. A partir daí, a Europa começa a difundir a arte de produzir papel:
França
em 1189,
Alemanha em 1291, Inglaterra em 1330. Curiosamente, a idéia de fazer papel, a
partir de
fibras de madeira, perdeu-se em algum lugar do trajeto, pois o algodão e os
trapos
de linho se
transformaram na principal matéria-prima utilizada.
Quando
Gutenberg nasceu, a manufatura de papel já era uma indústria bem
desenvolvida
por toda Europa. A tinta viscosa, essencial para impressão, também já estava
em uso na
Alemanha para impressão de títulos por blocos para livros manuscritos. A
Gutenberg
coube o crédito de vislumbrar as possibilidades culturais e comerciais do
processo
gráfico de reprodução.
No fim do
século XVI, os holandeses inventaram a máquina que permitia desfazer
os trapos
com maior eficácia. A "holandesa" como ficou conhecido o equipamento,
foi se
propagando,
chegando até nossos dias com o mesmo conceito básico, apesar dos inúmeros
aperfeiçoamentos
recebidos. A primeira fábrica de papel dos Estados Unidos foi construída
na
Pensylvânia em 1690.
Em 1719, o
francês Réaumur sugeriu o uso da madeira, uma vez que a forte
concorrência
da indústria têxtil dificultava e encarecia a principal matéria-prima usada na
época: o
algodão e o linho. Na ausência de um método viável de branqueamento, o papel
branco só
podia ser obtido a partir de trapos brancos. Como a demanda causada pela
Revolução
Industrial se intensificava, por causa dos controles escritos e contabilidade,
a
capacidade
produtiva foi diminuindo.
No final do
século XVIII, com a descoberta do cloro, o conjunto de matériasprimas
se ampliou.
O efeito deteriorador exercido pelos novos agentes sobre o material motivou
estudos sistemáticos do processo de branqueamento, levando a criação de métodos
e condições
que minimizavam tal efeito.
Em 1798, o
francês Nicholas L. Robert projetou uma máquina para substituir a
fabricação
manual por imersão, e produzir um rolo contínuo a partir de uma grande tela de
arame sem
fim, girada à mão, para filtrar a massa. Incapaz de obter financiamento na
França,
Robert vende a patente para os irmãos Fourdrinier na Inglaterra, que
continuaram a
desenvolver
o equipamento, até que em 1807 construíram a máquina de papel. O projeto
fracassou
porque a matéria-prima era cara e escassa.
Se a contínua
escassez de matéria-prima fomentava a inovação, a crescente
demanda
clamava por processos mais eficientes. Em 1850, o alemão Keller, lendo a obra
de
Réaumur,
desenvolveu a máquina para moer madeira e transformá-la em fibras.
Paralelamente
ao desenvolvimento da indústria papeleira, as artes gráficas,
embalagens,
cadernos e outros aplicativos tornaram o papel indispensável ao acelerado
progresso
vivenciado na época. A primeira ilustração em livros foi impressa por Albrecht
Pfister, em
1460, por gravação em madeira. Os livros impressos entre 1570 e 1770
empregavam
a ilustração em cobre, ao invés da madeira, o que resultou em perda de
qualidade.
Por mais de
400 anos depois de sua invenção, os tipos eram montados
manualmente.
Apesar das inúmeras tentativas de substituição do processo manual, somente
em 1886,
com a invenção do linotipo por Ottmar Mergenthaler, foi possível seu uso
comercial.
A litografia, descoberta por Alois Semefelder em Munique por volta de 1798,
também
alavancou a impressão artística e, conseqüentemente, o consumo de papel. Era
baseada no
princípio do processo offset atual.
A
incompatibilidade da água com a graxa era provocada pela deposição de uma
substância
graxa nas áreas a serem impressas numa pedra porosa. A área de reserva era
humedecida
com uma mistura de goma arábica e água. Este processo, muito popular no meio
do século
XIX, foi sendo aperfeiçoado ao longo dos anos, até que em 1906, Rubel descobre
o processo
offset. Ainda que acidental este processo provocou uma verdadeira revolução
nas artes
gráficas. Pode-se afirmar, que a partir do offset a reprodução gráfica deixou
de ser
uma arte e
passou a ser uma indústria.
A partir do
início deste século, a produção de papel foi vigorosamente
multiplicada.
Acompanhando a segunda Revolução Industrial, a Era da Produção em
Massa, os
pequenos produtores dão lugar a grandes fábricas, face à economia de escala.
Nesta
época, o papel já era barato e a sua produção em massa, constante. Outro
grande
impulso no consumo de papel, devido ao invento de Chester Carlson, em 1938, foi
a
xerografia.
Em 1960, com o lançamento da Xerox 914, a reprodução gráfica ficou muito
simplificada.
Dispensaram-se pessoas qualificadas, papéis especiais, reagentes químicos,
etc.
Atribui-se
à xerografia, o início da terceira Revolução Industrial, a Era da
Informação.
A velocidade com que a Informação passou a circular teve forte influência no
sucesso de
muitas empresas.Os ganhos de produtividade nos escritórios foram expressivos.
Ainda há
avanços tecnológicos apreciáveis, particularmente, em eletrônicos,
computadores,
telecomunicações, e a xerografia passa a complementá-los de forma
admirável.
O papel teve e tem uma participação destacada na cultura contemporânea, tanto
que em seu
livro The 100: A Ranking of Influential People in History, Michael Hart
classifica
Ts'ai Lun como o sétimo mais importante homem da Humanidade, na frente de
Gutenberg
(o oitavo) (fonte: Papel Champion, 2003).
No século
VIII (ano 751), os chineses foram derrotados pelos árabes. Dentre os
prisioneiros
que caíram nas mãos dos árabes, estavam fabricantes de papel, que levados a
Samarkanda,
a mais velha cidade da Ásia, transmitiram seus conhecimentos aos árabes. A
técnica de
fabricar papel evoluiu em curto espaço de tempo com o uso de amido derivado
da farinha
de trigo, para a colagem das fibras no papel e o uso de sobras de linho,
cânhamo
e outras
fibras encontradas com facilidade, para a preparação da pasta. A entrada na
Europa
foi feita
pelas "caravanas" que transportavam a seda (fonte: Bracelpa, 2004).
A França
estabelece seu primeiro moinho de papel em 1338, na localidade de La
Pielle.
Assim, da Espanha e Itália, a fabricação de papel se espalhou por toda a Europa.
Antes da
invenção da imprensa por Gutemberg, em 1440, os livros que eram
escritos à
mão, tornaram-se acessíveis ao grande público, exigindo quantidades maiores de
papel. Em
meados do século XVII, os holandeses haviam conseguido na Europa o
progresso
mais importante na tecnologia da fabricação de papel. Diante da falta de força
hidráulica
na Holanda, os moinhos de papel passaram a ser acionados pela força dos ventos.
Desde 1670,
no lugar dos Moinhos de Martelos, passaram a ser utilizadas as
Máquinas Refinadoras
de Cilindros (Holandesa). Lentamente a Holandesa foi se impondo,
complementando
os Moinhos de Martelo, que preparava a semipasta para obtenção da pasta
refinada e
mais tarde como Pila Holandesa Desfibradora que foi utilizada na Alemanha em
A pasta de
trapo foi o primeiro material usado para a fabricação do papel. Os
trapos eram
classificados, depurados, e depois cortados em pedaços, à mão; mais tarde
vieram as
máquinas cortadoras simples.
Os trapos,
exceto os de linho, eram submetidos a um processo de maceração ou de
fermentação.
O processo durava, de cinco a trinta dias utilizando-se recipientes de pedra,
abrandando
os trapos, em água. Para os trapos finos de linho era suficiente deixá-los de
molho
várias horas em lixívia de potassa empregando-se por cada cem quilos de trapos,
uns
quatro
quilos de potassa bruto. Para a obtenção de um bom papel era imprescindível a
fermentação
dos trapos (fonte Bracelpa, 2004)
Os trapos
fermentados eram tratados para serem desfibrados.
Em virtude
de esse processo ser duro e penoso, a Holandesa começou a ser usada no início
do século
XVII, para decompor a fibra dos trapos.
Esta
"máquina refinadora" fazia em quatro ou cinco horas a mesma
quantidade de
pasta que
um antigo moinho de martelo com cinco pedras gastava vinte e quatro horas.
No ano de
1774, o químico alemão Scheele descobriu o efeito branqueador do cloro,
conseguindo
com isso, não só aumentar a brancura dos papéis como também, empregar
como
matéria-prima, trapos mais grossos e coloridos (fonte: Bracelpa, 2004).
Em 1798
teve êxito a invenção, segundo a qual foi possível fabricar papel em
máquina de
folha contínua. Inventada pelo francês Nicolas Louis Robert que por
dificuldades
financeiras e técnicas não conseguiu desenvolvê-la, cedeu sua patente, aos
irmãos
Fourdrinier, que a obtiveram juntamente com a Maquinaria Hall, de Dartford
(Inglaterra)
e posteriormente com o Engº Bryan Donkin. Assim a Máquina de Papel
Fourdrinier
(Máquinas de Tela Plana) foi a primeira máquina de folha contínua que se tem
notícia.
Depois da
Máquina Fourdrinier foram lançadas no mercado outros tipos de
máquinas:
Em 1806
Moritz Illig substitui a cola animal, pela resina e alúmem. Quando a
fabricação
de papel ganhou corpo, o uso de matéria-prima começou a ser um sério
problema:
os trapos velhos passaram a ser a solução, mas com a pequena quantidade de
roupa usada
e com o crescente aumento do consumo de papel, os soberanos proibiram as
exportações.
Em face disto, os papeleiros tiveram que dedicar suas atenções aos estudos do
naturalista
Jakob C. Schaeffer que pretendia fazer papel usando os mais variados materiais,
tais como:
musgo, urtigas, pinho, tábuas de ripa, etc. Em seis volumes Schaeffer editou
"Ensaios
e Demonstrações para se fazer papel sem trapos ou uma pequena adição dos
mesmos".
Infelizmente, os papeleiros da época rechaçaram os Ensaios, ao invés de
propagá-los.
Na busca
para substituir os trapos, Mathias Koops edita um livro em 1800,
impresso em
papel de palha. Em 1884, Friedrich G. Keller fabrica pasta de fibras,
utilizando
madeira pelo processo de desfibramento, mas ainda junta trapos à mistura.
Mais tarde
percebeu que a pasta assim obtida era formada por fibras de celulose
impregnadas
por outras substâncias da madeira (lignina). Procurando separar as fibras da
celulose da
lignina, foram sendo descobertos vários processos:
A
introdução das novas semipastas deu um importante passo na eclosão de novos
processos
tecnológicos na fabricação de papel. Máquinas correndo a velocidade de 1.200m
por minuto,
o uso da fibra curta (eucalípto) para obtenção de celulose, a nova máquina
Vertform
que substituiu com vantagens a tela plana, são alguns fatos importantes (fonte:
Bracelpa,
2004).
Tem por
objetivos a fabricação de papéis tissue (absorventes) semi-acabados com
fibras
celulósicas, de acordo com padrões de maciez, resistência e alvura.
A produção
de papel é um processo de transformação no qual a celulose (matériaprima
básica)
juntamente com aditivo, que dão as características desejadas ao papel, o qual
serão
diluídos, formando uma suspensão. Esta suspensão entra na máquina de papel onde
através de
um desaguamento contínuo e progressivo ocorre a formação da folha que após
passar por
prensas desaguadoras e um sistema de aquecimento, obtém-se o papel semiacabado.
Para a
fabricação do papel são utilizadas com matérias-primas fibras celulósicas
virgens ou
recicladas, sendo classificadas como:
Uma folha
contendo exclusivamente fibra celulósica, não possui as características
do papel
que geralmente são desejados e adequados para conseguir a versatilidade que
caracteriza
os papéis existentes no mercado. Em decorrência à isto, a indústria papeleira
tornou-se
uma grande consumidora de produtos químicos que são adicionados para dar ou
melhorar
certas propriedades do papel, a fim de eliminar ou controlar certos problemas
na
operação.
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In blog do papeleiro.
Daniela Medeiros Devienne Drummond