terça-feira, 13 de novembro de 2012

História do Papel


A história do papel está intimamente ligada à reprografia. De todo papel produzido

no mundo, 90% é impresso. E foi como suporte reprográfico que o papel surgiu. Desde os

primórdios da Humanidade, o Homem vem desenhando as lembranças visuais de sua vida.

Isto data de 30 mil anos atrás. Esses desenhos nas paredes das cavernas eram chamados de

pictografias. Depois, se tornaram mais complexos, e vieram as ideografias, os cuneiformes

persas e até chegar nos hieróglifos egípcios por volta de 2.500 A.C.

Conforme se pode concluir, o desenvolvimento da inteligência humana veio

acompanhado pelas representações gráficas, tornando-se cada vez mais complexas,

chegando, desse modo, a representar idéias. A História registra o uso de diversos tipos de

suportes, como tabletes de barro, tecidos de fibra vegetal, papiros, pergaminhos e,

finalmente, o papel.

As espécimes mais antigas de papiro datam de 3.500 A.C. e suas técnicas de

preparação permanecem, até hoje, sem uma descrição fidedigna. Os papiros eram

preparados à base de tiras extraídas de uma planta abundante no Nilo. Estas tiras eram

posicionadas em ângulos retos, molhadas, marteladas e coladas. Apesar da palavra papel

ser derivada de papyrus, são produtos completamente diferentes. Em 170 A.C., um método

aperfeiçoado para a obtenção de pergaminho permitiu seu uso para a escrita. Sua

denominação é derivada do nome do reinado Pergamus.

Em 105 A.C., o imperador chinês Chien-ch'u, irritado em escrever sobre seda e

bambu, ordena a seu eunuco Ts'ai Lun, que invente um novo material para a escrita. Ts'ai

Lun produz uma substância feita de fibras de casca da amoreira, restos de roupa e cânhamo

humedecendo e batendo a mistura até formar um mingau. A seguir, usando uma peneira e

secando ao sol a fina camada ali depositada, obteve uma folha de papel. O princípio básico

desse processo é o mesmo usado até hoje na fabricação do papel.

A manufatura do papel foi um segredo por mais de seis séculos. Contudo, já estava

espalhada por toda a China. A partir da captura de alguns artesões chineses pelos mouros

em Samarkanda no ano de 751, a fabricação de papel chega a Bagdá e Damasco. Com a

expansão mulçumana, a manufatura do papel chega à Europa pela Península Ibérica. Data

de 1094 a primeira fábrica de papel em Xativa, Espanha, e por volta de 1150 a fábrica de

Fabiano, Itália. A partir daí, a Europa começa a difundir a arte de produzir papel: França

em 1189, Alemanha em 1291, Inglaterra em 1330. Curiosamente, a idéia de fazer papel, a

partir de fibras de madeira, perdeu-se em algum lugar do trajeto, pois o algodão e os trapos

de linho se transformaram na principal matéria-prima utilizada.

Quando Gutenberg nasceu, a manufatura de papel já era uma indústria bem

desenvolvida por toda Europa. A tinta viscosa, essencial para impressão, também já estava

em uso na Alemanha para impressão de títulos por blocos para livros manuscritos. A

Gutenberg coube o crédito de vislumbrar as possibilidades culturais e comerciais do

processo gráfico de reprodução.

No fim do século XVI, os holandeses inventaram a máquina que permitia desfazer

os trapos com maior eficácia. A "holandesa" como ficou conhecido o equipamento, foi se

propagando, chegando até nossos dias com o mesmo conceito básico, apesar dos inúmeros

aperfeiçoamentos recebidos. A primeira fábrica de papel dos Estados Unidos foi construída

na Pensylvânia em 1690.

Em 1719, o francês Réaumur sugeriu o uso da madeira, uma vez que a forte

concorrência da indústria têxtil dificultava e encarecia a principal matéria-prima usada na

época: o algodão e o linho. Na ausência de um método viável de branqueamento, o papel

branco só podia ser obtido a partir de trapos brancos. Como a demanda causada pela

Revolução Industrial se intensificava, por causa dos controles escritos e contabilidade, a

capacidade produtiva foi diminuindo.

No final do século XVIII, com a descoberta do cloro, o conjunto de matériasprimas

se ampliou. O efeito deteriorador exercido pelos novos agentes sobre o material motivou estudos sistemáticos do processo de branqueamento, levando a criação de métodos

e condições que minimizavam tal efeito.

Em 1798, o francês Nicholas L. Robert projetou uma máquina para substituir a

fabricação manual por imersão, e produzir um rolo contínuo a partir de uma grande tela de

arame sem fim, girada à mão, para filtrar a massa. Incapaz de obter financiamento na

França, Robert vende a patente para os irmãos Fourdrinier na Inglaterra, que continuaram a

desenvolver o equipamento, até que em 1807 construíram a máquina de papel. O projeto

fracassou porque a matéria-prima era cara e escassa.

Se a contínua escassez de matéria-prima fomentava a inovação, a crescente

demanda clamava por processos mais eficientes. Em 1850, o alemão Keller, lendo a obra de

Réaumur, desenvolveu a máquina para moer madeira e transformá-la em fibras.

Paralelamente ao desenvolvimento da indústria papeleira, as artes gráficas,

embalagens, cadernos e outros aplicativos tornaram o papel indispensável ao acelerado

progresso vivenciado na época. A primeira ilustração em livros foi impressa por Albrecht

Pfister, em 1460, por gravação em madeira. Os livros impressos entre 1570 e 1770

empregavam a ilustração em cobre, ao invés da madeira, o que resultou em perda de

qualidade.

Por mais de 400 anos depois de sua invenção, os tipos eram montados

manualmente. Apesar das inúmeras tentativas de substituição do processo manual, somente

em 1886, com a invenção do linotipo por Ottmar Mergenthaler, foi possível seu uso

comercial. A litografia, descoberta por Alois Semefelder em Munique por volta de 1798,

também alavancou a impressão artística e, conseqüentemente, o consumo de papel. Era

baseada no princípio do processo offset atual.

A incompatibilidade da água com a graxa era provocada pela deposição de uma

substância graxa nas áreas a serem impressas numa pedra porosa. A área de reserva era

humedecida com uma mistura de goma arábica e água. Este processo, muito popular no meio

do século XIX, foi sendo aperfeiçoado ao longo dos anos, até que em 1906, Rubel descobre

o processo offset. Ainda que acidental este processo provocou uma verdadeira revolução

nas artes gráficas. Pode-se afirmar, que a partir do offset a reprodução gráfica deixou de ser

uma arte e passou a ser uma indústria.

A partir do início deste século, a produção de papel foi vigorosamente

multiplicada. Acompanhando a segunda Revolução Industrial, a Era da Produção em

Massa, os pequenos produtores dão lugar a grandes fábricas, face à economia de escala.

Nesta época, o papel já era barato e a sua produção em massa, constante. Outro

grande impulso no consumo de papel, devido ao invento de Chester Carlson, em 1938, foi a

xerografia. Em 1960, com o lançamento da Xerox 914, a reprodução gráfica ficou muito

simplificada. Dispensaram-se pessoas qualificadas, papéis especiais, reagentes químicos,

etc.

Atribui-se à xerografia, o início da terceira Revolução Industrial, a Era da

Informação. A velocidade com que a Informação passou a circular teve forte influência no

sucesso de muitas empresas.Os ganhos de produtividade nos escritórios foram expressivos.

Ainda há avanços tecnológicos apreciáveis, particularmente, em eletrônicos,

computadores, telecomunicações, e a xerografia passa a complementá-los de forma

admirável. O papel teve e tem uma participação destacada na cultura contemporânea, tanto

que em seu livro The 100: A Ranking of Influential People in History, Michael Hart

classifica Ts'ai Lun como o sétimo mais importante homem da Humanidade, na frente de

Gutenberg (o oitavo) (fonte: Papel Champion, 2003).

No século VIII (ano 751), os chineses foram derrotados pelos árabes. Dentre os

prisioneiros que caíram nas mãos dos árabes, estavam fabricantes de papel, que levados a

Samarkanda, a mais velha cidade da Ásia, transmitiram seus conhecimentos aos árabes. A

técnica de fabricar papel evoluiu em curto espaço de tempo com o uso de amido derivado

da farinha de trigo, para a colagem das fibras no papel e o uso de sobras de linho, cânhamo

e outras fibras encontradas com facilidade, para a preparação da pasta. A entrada na Europa

foi feita pelas "caravanas" que transportavam a seda (fonte: Bracelpa, 2004).

A França estabelece seu primeiro moinho de papel em 1338, na localidade de La

Pielle. Assim, da Espanha e Itália, a fabricação de papel se espalhou por toda a Europa.

Antes da invenção da imprensa por Gutemberg, em 1440, os livros que eram

escritos à mão, tornaram-se acessíveis ao grande público, exigindo quantidades maiores de

papel. Em meados do século XVII, os holandeses haviam conseguido na Europa o

progresso mais importante na tecnologia da fabricação de papel. Diante da falta de força

hidráulica na Holanda, os moinhos de papel passaram a ser acionados pela força dos ventos.

Desde 1670, no lugar dos Moinhos de Martelos, passaram a ser utilizadas as

Máquinas Refinadoras de Cilindros (Holandesa). Lentamente a Holandesa foi se impondo,

complementando os Moinhos de Martelo, que preparava a semipasta para obtenção da pasta

refinada e mais tarde como Pila Holandesa Desfibradora que foi utilizada na Alemanha em

A pasta de trapo foi o primeiro material usado para a fabricação do papel. Os

trapos eram classificados, depurados, e depois cortados em pedaços, à mão; mais tarde

vieram as máquinas cortadoras simples.

Os trapos, exceto os de linho, eram submetidos a um processo de maceração ou de

fermentação. O processo durava, de cinco a trinta dias utilizando-se recipientes de pedra,

abrandando os trapos, em água. Para os trapos finos de linho era suficiente deixá-los de

molho várias horas em lixívia de potassa empregando-se por cada cem quilos de trapos, uns

quatro quilos de potassa bruto. Para a obtenção de um bom papel era imprescindível a

fermentação dos trapos (fonte Bracelpa, 2004)

 
Os trapos fermentados eram tratados para serem desfibrados.

Em virtude de esse processo ser duro e penoso, a Holandesa começou a ser usada no início

do século XVII, para decompor a fibra dos trapos.

Esta "máquina refinadora" fazia em quatro ou cinco horas a mesma quantidade de

pasta que um antigo moinho de martelo com cinco pedras gastava vinte e quatro horas.

No ano de 1774, o químico alemão Scheele descobriu o efeito branqueador do cloro,

conseguindo com isso, não só aumentar a brancura dos papéis como também, empregar

como matéria-prima, trapos mais grossos e coloridos (fonte: Bracelpa, 2004).

Em 1798 teve êxito a invenção, segundo a qual foi possível fabricar papel em

máquina de folha contínua. Inventada pelo francês Nicolas Louis Robert que por

dificuldades financeiras e técnicas não conseguiu desenvolvê-la, cedeu sua patente, aos

irmãos Fourdrinier, que a obtiveram juntamente com a Maquinaria Hall, de Dartford

(Inglaterra) e posteriormente com o Engº Bryan Donkin. Assim a Máquina de Papel

Fourdrinier (Máquinas de Tela Plana) foi a primeira máquina de folha contínua que se tem

notícia.

Depois da Máquina Fourdrinier foram lançadas no mercado outros tipos de

máquinas:

Em 1806 Moritz Illig substitui a cola animal, pela resina e alúmem. Quando a

fabricação de papel ganhou corpo, o uso de matéria-prima começou a ser um sério

problema: os trapos velhos passaram a ser a solução, mas com a pequena quantidade de

roupa usada e com o crescente aumento do consumo de papel, os soberanos proibiram as

exportações. Em face disto, os papeleiros tiveram que dedicar suas atenções aos estudos do

naturalista Jakob C. Schaeffer que pretendia fazer papel usando os mais variados materiais,

tais como: musgo, urtigas, pinho, tábuas de ripa, etc. Em seis volumes Schaeffer editou

"Ensaios e Demonstrações para se fazer papel sem trapos ou uma pequena adição dos

mesmos". Infelizmente, os papeleiros da época rechaçaram os Ensaios, ao invés de

propagá-los.

Na busca para substituir os trapos, Mathias Koops edita um livro em 1800,

impresso em papel de palha. Em 1884, Friedrich G. Keller fabrica pasta de fibras,

utilizando madeira pelo processo de desfibramento, mas ainda junta trapos à mistura.

Mais tarde percebeu que a pasta assim obtida era formada por fibras de celulose

impregnadas por outras substâncias da madeira (lignina). Procurando separar as fibras da

celulose da lignina, foram sendo descobertos vários processos:

A introdução das novas semipastas deu um importante passo na eclosão de novos

processos tecnológicos na fabricação de papel. Máquinas correndo a velocidade de 1.200m

por minuto, o uso da fibra curta (eucalípto) para obtenção de celulose, a nova máquina

Vertform que substituiu com vantagens a tela plana, são alguns fatos importantes (fonte:

Bracelpa, 2004).

Tem por objetivos a fabricação de papéis tissue (absorventes) semi-acabados com

fibras celulósicas, de acordo com padrões de maciez, resistência e alvura.

A produção de papel é um processo de transformação no qual a celulose (matériaprima

básica) juntamente com aditivo, que dão as características desejadas ao papel, o qual

serão diluídos, formando uma suspensão. Esta suspensão entra na máquina de papel onde

através de um desaguamento contínuo e progressivo ocorre a formação da folha que após

passar por prensas desaguadoras e um sistema de aquecimento, obtém-se o papel semiacabado.

Para a fabricação do papel são utilizadas com matérias-primas fibras celulósicas

virgens ou recicladas, sendo classificadas como:

Uma folha contendo exclusivamente fibra celulósica, não possui as características

do papel que geralmente são desejados e adequados para conseguir a versatilidade que

caracteriza os papéis existentes no mercado. Em decorrência à isto, a indústria papeleira

tornou-se uma grande consumidora de produtos químicos que são adicionados para dar ou

melhorar certas propriedades do papel, a fim de eliminar ou controlar certos problemas na

operação.

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In blog do papeleiro.

Daniela Medeiros Devienne Drummond